VERSOS HOSTIS

Tomara que algum dia eu finalmente seja capaz de nascer

Que o olhar por quem se atrai meus interesses

Venha cessar sua penumbra perceptiva e possa me ver

E quem sabe eu renasça dentre o piscar desse olhar, muitas vezes!

Será que algum dia, a ventura me dará um aperto de mão?

Que os alicerces de meus sonhos passam gerar alguma arquitetura?

Nada que se componha de múltiplos andares vãos

Só o conforto de um compartimento, abrigando o que não me censura!

Quem sabe as células-tronco da moderna biogenética

Desenvolvam ouvidos capazes de captar meus códigos

Quem sabe a nuance almejada se funda à oferta cibernética

Ou me depare com algum cérebro, enamorado de meus neurônios neuróticos!

Porque já não há chão para os meus passos, nem céu para o meu vôo

Porque me sinto sufocado, nessa ínfima caixa que se chama universo

E não suporto mais o perfume a me causar tamanho enjôo

O qual exala o aroma da mordaça, a perseguir meus versos!

Eis-me aqui, esse singelo surto da invisibilidade

Eis meu grito de protesto e meu hino de esperança

Sou grato a quem confere a este grão, alguma celebridade

Mas este fruto na verdade, é saudoso de sua inocente ignorância!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 12/03/2008
Reeditado em 22/01/2012
Código do texto: T897923
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