INDEPENDÊNCIA
Eu não faço questão de entender e nem quero explicar
Minhas mãos não se deixam vender, nem planejam adquirir
Minha boca, quando inquirida, não se cala, nem se põe a falar
Sou platéia que não vaia, nem pretende aplaudir!
Sou um rio de alma parada e de águas correntes
Sou a nuvem que fugiu do deserto e esqueceu o inverno
Sou a fonte que já secou e que jorra torrentes
Sou o tempo que jamais começou e que também é eterno!
Sou movimento quando, ao mesmo tempo, eu me acho em repouso;
Eu me sinto coberto quando me vejo inteiramente despido
Eu me avisto totalmente retido quando me encontro plenamente solt;
Eu persisto na carona da dúvida, justamente no ato em que decido!
Eu não advogo e nem tenho a missão de punir
Quando removo, a minha intenção é complementar
A minha chegada caminha algemada com o meu partir
Eu não planejo a nada adoecer, nem pretendo curar!
O meu verso não será meu cartaz, minha visibilidade
Meu vulto não será elogio, nem será um insulto
Eu luto pelo meu mundo, sou fiel à minha verdade
As vozes que em ninguém se faz ouvir, são justamente as que escuto!