FIM DE LINHA
Escrever um soneto com saudade
De alguém que, porém, não está ausente,
Uma dor esquisita que se sente
Ao chegar nessa tal “melhor idade”.
É que o tempo estiliza a crueldade,
Ampulheta que vaza e engana a gente,
Porque, mesmo se alguém está presente,
Dolorosa solidão já nos invade.
E nesse tempo de delicadeza,
Sigo ao teu lado com certa nobreza,
Revendo lances de intimidade
Em pano rápido, qual uma mortalha
Que cobre um corpo e alma que já falha
No apagar da afetividade.