FIM DE LINHA

Escrever um soneto com saudade

De alguém que, porém, não está ausente,

Uma dor esquisita que se sente

Ao chegar nessa tal “melhor idade”.

É que o tempo estiliza a crueldade,

Ampulheta que vaza e engana a gente,

Porque, mesmo se alguém está presente,

Dolorosa solidão já nos invade.

E nesse tempo de delicadeza,

Sigo ao teu lado com certa nobreza,

Revendo lances de intimidade

Em pano rápido, qual uma mortalha

Que cobre um corpo e alma que já falha

No apagar da afetividade.

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 10/03/2008
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