COISAS ABSTRATAS
Tudo que é paixão se perde na irrealidade
E se esconde no encanto da noite mansa
Que revela volúpia, céu e lua cheia
Que ilumina a prece qua a brisa canta pela estrada
Nos caminhos já não passa a procissão
Já foram esquecidos os rumores do ciúme e do álcool
As águas puras das praias não mais aventuras
E a montanha doirada apagou seu esplendor
Tudo que é paixão se perde na incerteza dos amanhãs
Que deixarão no céu um estrela solitária
E flores molhadas pelo orvalho da madrugada
A esconder mágoas, vergonha e solidão
O tempo já não espera o transcendental
O rouxinol desafina com um canto lento e distante
O amigo ausente enche a paisagem de ternura
E deixa a saudade tomar conta de tudo
E o silêncio enche de remorso o mundo
Imortalizando lágrimas, dores e sofrimentos
E os amnhãs, misturados com a irrealidade
Não deixam que a paixão encontre seu destino.