Com fiança de fé
É preciso acreditar nas ciganas
No jogo de búzios
Na borra de café
No pai de santo
Nos rituais do candomblé
Contenta também umbanda
Ou se preferir, no padre
No bispo, no pastor
Nas imagens
Na puta que pariu
um menino desnutrido
É extremamente necessário acreditar
No desconhecido sorriso
Que deseja bom dia
Na esmola que veio demais
E também na desconfiança
Que a caridade nos traz
Acredite nos brancos,
E nos pretos
Amarelos e vermelhos
E nos seus corações
Que podem ser bons
E também o contrário.
Acredite na intuição
No poder da oração
e da palavra.
Acredite no tudo
Na dor do luto.
Assim evita-se
A crença no nada
Seja o seu maior entusiasta
E creia no que achar que deve
Exceto na descrença.
Não devemos esquecer
pois seria desavença:
A puta pariu um menino desnutrido
que também precisa crer