Portugal de antigamente quase agora
Em cada esquina, do Beco dos Ratos
à Avenida Deslumbrante, por todo o lado
erguiam-se as frias torres do silêncio.
Era como se as paredes ouvissem,
alicerces do poder,
trocos de ódio recalcado
sabe-se lá por que mistérios.
Reinava o estímulo do pum,
a humilhação alcoviteira da lambedela.
No País Verde apareciam manchas vermelhas,
porque sim.
Havia lá de quase nada e chefes Muito Bem,
panelas e tachos, direi mesmo que pouco menos.
Era uma espécie de
País Enfim,
trágico as letras todas.
No País Verde a paisagem era luxureante
e as borboletas também.
Riachos frescos serpenteavam árvores vaidosas.
Ele havia os rebanhos pachorros,
as acácias, o horizonte
e
todos os anos
que novas trariam as andorinhas do costume ?
Tudo boa raça que ajudava a dizer coisas
proibidas e, verdade seja, cumpriam muitas linhas.
Mas o País Verde tinha gente, tinha.
Elenas,
outros nomes,
força até dizer chega.
Quero apenas dizer que no País Verde
os simpáticos já não se pum, pum-pum.
E não preciso de mais linhas.