Portugal de antigamente quase agora

Em cada esquina, do Beco dos Ratos

à Avenida Deslumbrante, por todo o lado

erguiam-se as frias torres do silêncio.

Era como se as paredes ouvissem,

alicerces do poder,

trocos de ódio recalcado

sabe-se lá por que mistérios.

Reinava o estímulo do pum,

a humilhação alcoviteira da lambedela.

No País Verde apareciam manchas vermelhas,

porque sim.

Havia lá de quase nada e chefes Muito Bem,

panelas e tachos, direi mesmo que pouco menos.

Era uma espécie de

País Enfim,

trágico as letras todas.

No País Verde a paisagem era luxureante

e as borboletas também.

Riachos frescos serpenteavam árvores vaidosas.

Ele havia os rebanhos pachorros,

as acácias, o horizonte

e

todos os anos

que novas trariam as andorinhas do costume ?

Tudo boa raça que ajudava a dizer coisas

proibidas e, verdade seja, cumpriam muitas linhas.

Mas o País Verde tinha gente, tinha.

Elenas,

outros nomes,

força até dizer chega.

Quero apenas dizer que no País Verde

os simpáticos já não se pum, pum-pum.

E não preciso de mais linhas.

Venoi
Enviado por Venoi em 22/12/2005
Código do texto: T89276