Poema Bandido

a lingua enfim traça caminhos

uma rota pelo seu corpo

que foge, que geme, que ri, que soletra

arrepio e outras tantas palavras sem nexo

brinca comigo doce saliva

renega teu recato, solta teu verbo

teu grito e me xinga

e me choca com teus dedos

pra que comentar doçuras ?

se hoje podemos soltar o primitivo, o bicho,

o além dos nossos sentidos,

o prazer trancado há décadas

futiliza, hostiliza, baixa

penetra, lambe e ri

ri das pernas bambas, do corpo sem controle,

da fome e da sede sem fim

me bebe, me suga,

fustiga, morde, aluga

traça sua rota e eu traço a minha

e a gente se enconta com as pernas entrelaçadas