Sem retorno
O movimento é intenso,
cidade grande é assim.
Que saudade que sinto
do meu interior, do chimarrão,
das ruas calmas, arborizadas,
do bom dia amigo, do boa noite fraterno.
O movimento aumenta, o barulho é incrível.
E a saudade aumenta também,
do silêncio de casa, da cigarra cantando,
do café bem quente, do pãozinho caseiro.
Cidade grande não tem.
Não tem o calor humano, o sorriso,
a panela de ferro, o fogão a lenha,
o cheiro de mato e a pureza do ar.
Tem sim a fumaça, o barulho,
a vontade de voltar.
Mas meu interior não tem
aquilo que mais preciso,
o trabalho, serviço.
E é só por isso
que não posso voltar.
O salário pequeno,
que sustenta meu lar
me dá hoje a certeza
de que não posso voltar.