Platônico...

Tinha olhos voltados só para ela
nem disfarçar conseguia
quando menos percebia
estava ao lado dela.

Eram dela seus sorrisos
suas loucas vontades
seu tempo indeciso
e suas verdades.

Já ela, por sua vez
guardava a dúvida
num simples talvez.

Queria acreditar
que o que era dela
realmente cabia à ela.

Não podia negar
que o menor toque
a desconcentrava
e as borboletas no estômago
alvoroçavam-se em revoada.
E ela, junto delas
quase que também voava.

Que coisa platônica seria essa?
Via de uma mão?
ou estrada de mão dupla?

A resposta talvez não venha,
só a certeza no coração
que pulsa como louco.
Como brasa que devasta a lenha
como o tudo que afronta o pouco.