Na Intimidade

Na Intimidade

Não encontro justificação para a escrita,

Não vejo o que impele os meus dedos,

A seguirem a alma, e a escreverem o seu percurso.

É a força da vontade que luta, por um amor em vão,

È a noite que é longa e agiganta a solidão!

Às vezes é o último pingo de juízo, que segura a loucura,

Esse que encontra razões para o impossível,

E me faz invencível, mesmo na derrocada do meu castelo,

Minha vida feita em pó,

Num acaso onde todos os dias me flagelo!

Este derramar das palavras que me ressuscita,

E de seguida me desfalece,

Numa cruzada sem objectivos nem ideiais,

Uma luta que me empurra para quadros irreais,

Um sem fim de ideias e justificações,

Um questionar da vida e das suas razões!

Faço hoje o abraço ao puro vazio,

De um mundo que para mim nada vale, e tem pouco brilho!

Queria falar-vos do outro lado da estrada,

Esse que percorri na primavera,

Cheia de perfume, de luz e com um acreditar enorme,

No futuro e na nova era!

Esse tempo cheio de emoções,

De calor e do abraçar de corações!

Passeei no paraíso e pisei o chão de um mundo bonito!

Fiz-me músico e cientista,

Fiz-me Matemático, com tiques de artista!

Hoje sou a memória do desastre,

A imagem da revolta, que procura o traste,

Que me tirou o tapete e me largou no inferno,

A escrever a história em meu caderno!

Nenúfar 18/2/2008

Nenúfar
Enviado por Nenúfar em 07/03/2008
Código do texto: T891550
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