O DILEMA DO PINCEL

Certa vez a cor azul decidiu edificar o seu próprio trono;

E demoliu a desesperança humana, para criar um céu de expectações;

Retirou o homem dos cárceres do medo, fazendo-o crer-se de si dono;

E tingiu com alegres tonalidades, os atribulados corações!

Mas em seguida, a cor cinza também se manifestou;

E removeu o olhar esperançoso, atacando-lhe com a realidade;

Apresentou ao homem o fracasso, o insucesso e a dor;

E proclamou o discurso, de que o mal sempre terá maior fertilidade!

Foi assim que teve inicio, o impasse do pincel;

Dividido entre a fé e o real, se manteve indeciso entre as cores;

Não sabia se pintava a perdição, ou se desenhava o céu;

Temia tomar partido da alegria, num mundo repleto de dissabores!

No afã de acertar, ele produziu uma linda cena de amor;

E adormeceu perante a imagem azul, de seu mundo imaginário;

Mas na manhã seguinte, percebeu que sua obra fina borrou;

E que uma lágrima cinza, converteu sua vívida tela em sudário!

Então sofreu de amor, e de azul seu coração já não pintava mais;

Até que o cinza triunfante, recebeu o duro golpe da maturidade;

E descobriu que a luta é fútil, e que a definição da cor, tanto faz;

Sorrir e chorar, são degraus gêmeos de uma mesma mãe-realidade!

Pra ser feliz, é preciso fazer compras na feira da desilusão;

Pois o homem e o menino, são opostos como o norte e o sul;

Este, porque do cinza, nunca retém sua óbvia lição;

Aquele, porque independente do que sente, vive um eterno azul!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 07/03/2008
Código do texto: T891356
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