O DILEMA DO PINCEL
Certa vez a cor azul decidiu edificar o seu próprio trono;
E demoliu a desesperança humana, para criar um céu de expectações;
Retirou o homem dos cárceres do medo, fazendo-o crer-se de si dono;
E tingiu com alegres tonalidades, os atribulados corações!
Mas em seguida, a cor cinza também se manifestou;
E removeu o olhar esperançoso, atacando-lhe com a realidade;
Apresentou ao homem o fracasso, o insucesso e a dor;
E proclamou o discurso, de que o mal sempre terá maior fertilidade!
Foi assim que teve inicio, o impasse do pincel;
Dividido entre a fé e o real, se manteve indeciso entre as cores;
Não sabia se pintava a perdição, ou se desenhava o céu;
Temia tomar partido da alegria, num mundo repleto de dissabores!
No afã de acertar, ele produziu uma linda cena de amor;
E adormeceu perante a imagem azul, de seu mundo imaginário;
Mas na manhã seguinte, percebeu que sua obra fina borrou;
E que uma lágrima cinza, converteu sua vívida tela em sudário!
Então sofreu de amor, e de azul seu coração já não pintava mais;
Até que o cinza triunfante, recebeu o duro golpe da maturidade;
E descobriu que a luta é fútil, e que a definição da cor, tanto faz;
Sorrir e chorar, são degraus gêmeos de uma mesma mãe-realidade!
Pra ser feliz, é preciso fazer compras na feira da desilusão;
Pois o homem e o menino, são opostos como o norte e o sul;
Este, porque do cinza, nunca retém sua óbvia lição;
Aquele, porque independente do que sente, vive um eterno azul!!