PENSANDO DE MADRUGADA
Às altas horas da madrugada,
sentado e pensando,
escrevo, só.
O que penso, falo, converso ou grito
na angústia da noite?
No voar da coruja, que grita ou pia.
Que importa o silêncio quebrado,
voado ou piado?
Eu ouço o grito distante,
Adiante, bem longe, sofrido.
Quem grita não sei.
Saberei?
Silêncio profundo, escuro,
por detrás do muro.
Chiados, pisadas, risadas,
confusos murmúrios.
Não sei se me levanto ou me deito e
sem jeito, eu falo
palavras sem som ou respostas.
Silêncio profundo na negra noite.
Na madrugada avançada,
não saberei nada.
O pensamento se vai, analisa.
O barulho.
alguém pisa
mais alto, me sobressalto,
pensando.
Se me levanto ou me deito e, mesmo sem jeito,
me ponho a dormir.
Sobressaltado, acordo, levanto-me, vou ver,
meus olhos não vêem.
A sombra fugaz que passa por traz.
Fugindo de quê ?
Paro, tento dormir.
Nada, tudo em vão.
Acordo assustado, foi sonho... então.
31/08/81-VEM.