DESCONTENTE

Eu tenho certeza que o sol adoraria ter seu dia de lua

Que as areias do deserto sonham com o sal do mar

Certamente em suas imaginações a espiga queria ser nua

Duvido que a rua já não tenha idealizado ser lar!

Água e continente seguramente adorariam trocar de lugar

Cinco minutos como pássaro já deixariam a serpente feliz

As uvas amassadas por milênios, almejam num instante ser lagar

Por imaginar como são os perfumes, os ouvidos querem ser nariz!

Pernas querem pegar e mãos desejam a sensação de poder andar

O errante quer o remorso e o íntegro é curioso pela transgressão

A mentira com status de verdade vive a se imaginar

A paixão quer ser sóbria, enquanto o cérebro adoraria ser coração!

O obeso quer ser magro e a pele branca devaneia pela morenice

A criança quer ser madura e o adulto quer voltar no tempo

Seguramente, a intelectualidade tem seus dias de estultice

A brisa que a tantos inspira, deseja algum dia ser forte vento!

Assim sou eu, indefinido em meu animal irracional

Meus dias querem a rotina do ineditismo

Todos somos moeda, cada lado é do outro um rival

Somos questionamento e ao mesmo tempo casuísmo!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 07/03/2008
Reeditado em 30/01/2012
Código do texto: T891081
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