TRANSEUNTE

Meu lado intelectual dei às traças

cuspo na face dos elogios

nojento lendo meus livros

querendo ser ético: vida mórbida

o sonho de ser nada

escrever um livro

uma história não criativa

quem sabe o interrogatório

ou um místico

que anseia beber vinho

eu?? Sinto muito!

Mergulhado na vida

os olhos com ar cético

na ânsia de não sei o que

um transeunte que passa

uma amiga que fala de repente

três crianças brincando de bola

o tempo a nos buscar no seu nada

como um buraco negro

a poeira que me cobre

o medo de algo. Não sei?

Mórbido, estático e melancólico

poética léxico-ignorante

poética “corda no pescoço”

sangue vivo

células que se perdem.

(20/06/03)

Ozimar Júnior
Enviado por Ozimar Júnior em 21/12/2005
Reeditado em 25/07/2008
Código do texto: T89089