Camafeu
Não é o meu melhor.
Sei que mais posso
e mais sou.
É fato que a vida ronda,
muito mais que a morte,
o limite do meu Eu.
No entanto, busco
a sorte como forma
de combate e me
vejo em alto relevo
retratada num camafeu.
Ah! Insano mundo
que gradeou meu olhar
numa viseira de breu.
Voilà!
É que a garganta expele
grunhidos enrouquecidos
e febris de solidão.
Desconheço o meu melhor
porque busco inconstância
na obstinação que emana
do lírico amor de Orfeu.
Não existe mulher Eurídice.
E nem o sal que ardeu suas entranhas
é o mesmo sal que me ardeu.
Não sei do meu melhor.
Pode ser que ressurja do nada
faça-me e me desfaça
e novamente me dê adeus!
Ou, quem sabe, o melhor
já esteja e me faça menos
excêntrica, mais vital,
mais essência e nunca
mais, camafeu!