Eu, mulher...
Eu, mulher...
Não, e sim...
Sandra Ravanini
Eu, mulher... santuário ungindo o corpo no extrato
das faces tantas, milagrando a complacência,
maquilando todas as dores dos maus tratos
deixadas pela mão covarde da violência.
Eu, mulher... luar sem noites nos cem dias e mais dias,
gerando outros amanhãs, grávida de vida...
concebendo sonhos de esperanças; estesia
espelhada na inocente cria inda dormida.
Eu mulher... derrubando o senil preconceito,
quebrando a algema da escravidão d’outrora algoz,
entoando o libertário ontem preso no peito,
finando a velha ordem; canto eu com a minha voz!
Eu, mulher... plenitude vestindo o véu-plural
em luminescências, consagrando o resplendor
da minha boca em mansidão quando em ritual
bebo da ascensão, feminizando-te oh! amor.
05/03/2008
20h53