Nas curvas dessa mulher

Se fossem retas, talvez

eu não aceitasse o tema.

Mas não há nenhum problema

em derrapar quando em vez

nessas curvas que Deus fez

e que todo homem quer.

E eu, que já sei como é

que se faz, nem vacilei:

corri, brinquei, derrapei

nas curvas dessa mulher.

E mais houvesse, pra ver

como é que eu sei brincar,

pois não há nenhum lugar

nessa musa, nesse ser,

que minha mão não vá ter

pra manter a sua lei.

Corri, brinquei, derrapei

nas curvas dessa mulher.

E eu não sou um qualquer;

eu sei agir como um rei,

um rei que faz sua lei

para agradar à rainha.

E eu, que já tenho a minha,

fui mais fundo e não voltei:

corri, brinquei, derrapei

nas curvas dessa mulher,

e seja o que Deus quiser

(e eu acho que Deus entende

esse meu fogo que acende

e não apaga sequer

quando estou longe). Se der,

eu faço mais outra lei.

Corri, brinquei, derrapei

nas curvas dessa mulher

pois, se eu não quero, ela quer

e já me acende outra vez

nas curvas, na maciez

da sua pele cheirosa,

uma pétala de rosa,

um lírio real, talvez.

Corri, brinquei, derrapei

nas curvas dessa mulher.

Nos braços de quem me quer

eu fui mais longe. Hoje eu sei

que, pela força da lei

da Natureza, o meu braço

há de relaxar o laço...

E daí? Eu já vivi,

já derrapei, já corri,

já dormi no seu abraço.