Vigília
Quando não aparece a idéia
Os olhos ficam atentos
Qualquer paisagem, qualquer fotografia.
Os ouvidos saem em busca
De sons
Podendo até ser dissonantes
O tato quer versejar
Tocar a seda
O corpo de uma mulher
Segurar o ar
E a idéia não nasce.
O paladar caça um novo sabor
Busca nos blocos de construção
No teatro de Virgílio
No cálice de vinho
A idéia esgueirando-se
Foge, sem ao menos ter sido sentida
O olfato, o implacável,
Busca na terra molhada
No mato recém cortado
No mar.
A idéia veio numa barquinha
Acompanhada de corais
Harpeada por uma bela sereia