Ainda sim
Possa alguém nesse mundo
de teu sol me isolar,
de tua luz, nem por um segundo,
poderá me privar.
Possa algo no infinito,
alguma força do universo,
fazer calar meu grito,
não me terá restrito
ou, no silêncio, imerso.
Possam outros me iludir
possam outras me seduzir,
não tardará eterna a idade
de encontrar-me em tua verdade.
Possam eles minha boca fechar
e minhas mãos amputar,
pra ti cantarei, mesmo assim,
e te escreverei sem ter fim.
Possam ainda meus olhos secar
não me impedirão de chorar
o vazio da tua ausência.
Possam bloquear meu caminho,
possam implodir nosso ninho,
e não terei pra sempre tua carência.
Possam eles me desaparecer,
mil vezes me fazer morrer,
me perder ou me ocultar,
ainda assim tornarei
e sempre o mesmo pensarei:
— Ainda serei teu par!