Culpa

Como são culpados

Aqueles que ensinam a odiar

Mestres com Doutorado

Na triste arte de errar

Variada é a didática

Nem todos tem aptidão

A palavra na gramática

Ganha vida e vira ação

Caneta em punho traçando destinos

Arma que não é notada

Caracteres mórbidos entoando hinos

Trazendo a morte dissimulada

A palavra... quem poderá medir seu peso?

Ela parece leve mas esmaga!

Se num livro seu traço permanece preso,

Na mente do homem ela livre vaga

Poesias, versos, prosas

Um lindo conto de fada

Cultiva a verdade enfeitando com rosas

O esterco submerso sob a grama mirrada

Senhores, homens de bem

Enaltecem a cultura da sociedade

Privilégios inerentes à cultura que têm

Representando a nobreza da nossa cidade

Mas que crime hediondo se disfarça

Sustentado por tão nobre figura

Se a face terrível da desgraça

Volve o olhar somente à desventura?...

... lá, certamente, estaria a razão

Da guerra, da fome, da ambição:

Num recanto sombrio de amargura

Donde não brilha o sol da cultura.

Ignorantes do próprio destino

Assumem por todos a culpa

A vida que lhes negou o ensino

Jamais acusa aos de vivência culta

Houve um tempo em que a espada

Era privilégio e poder

Nenhum nobre empunhava

A adaga fria do saber

Hoje o mundo evoluiu

A morte já não causa alarde

O livro é o escudo da atitude vil

E a caneta, a arma de um covarde!

André da Costa
Enviado por André da Costa em 21/12/2005
Código do texto: T88802