Yorkshire Ball Room
São sempre dois pra lá e dois prá cá.
Invariavelmente. Obsessivamente.
E os pés estão tão acostumados
com esse ritmo imutável,
que dançam automaticamente,
independente da vontade do dono.
Há um certo prazer doentio em assitir a dança,
ao mesmo tempo que ao meu lado a mulher
com sua boca murcha pintada de batom vermelho,
fuma um charuto para que a fumaça espante o tédio.
O que persiste são apenas os mesmos e velhos fantasmas,
que finalmente conseguiram extinguir a importância do relógio.
E assim, essa dança persistirá para sempre.
Na penumbra de toda noite,
só posso divisar a barba escura e estranha,
e os velhos óculos que travestem os olhos.
Esse provavelmete é o elemento mais angustiante do salão.
Porque mesmo não estando lá,
é dele que tenho mais medo.