ERA...
 

 
Era essência do amor...
 
Daquele, que em ardor pulsava
nas veias, latejava, doía...
Era a certeza da reciprocidade
nas falsas palavras do dia-a-dia...
 
Era saudade...
 
No cheiro que na pele ficava!
No estuário da eterna espera
o andar arrastado das madrugadas
desfiando minhas tolas utopias...
 
Era agonia...
 
Dor cruel que a entranha corroia...
Solidão acompanhada mutilava,
uma só gota de esperança resistia...
Despontou sem máscaras a vil hipocrisia!
 
Era desencanto...
 
Tantas foram as lágrimas vertidas!
Nas curvas sinuosas e sombrias do tempo
realidade num atalho escancara mentiras
clareando o abrumar do pensamento...
 
Era silêncio...
 
No fiar do rosário das insones noites
um desfile infindo de lembranças...
Verdade avança qual frio açoite,
revelando toda sua arrogância!
 
Era em vão...
 
Tantas estações vencidas regando planos
cerzindo sonhos desgastados...
Eram tantos segredos e enganos
trançando sentimentos remendados.
 
Era insanidade...
 
E nas trevas profundas da loucura
implorava um sono sem o acordar!...
Mas a alma sã, buscava a luz da cura...
Era preciso urgente despertar!
 
Era a liberdade!
 
Enfim replantei minha primavera!
Seu olhar não mais cativa ou escraviza...
O sentimento sincero e profundo já era
perdeu o frescor da suave brisa!

 
03/03/2008
 
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 05/03/2008
Reeditado em 09/12/2010
Código do texto: T887931