Aurora
Eu não sabia e nem devia dizer:
Mas na minha casa – e na da vizinha do abacateiro –
A manhã era uma coisa que vinha presa nas asas dos bem-te-vis,
Cujo canto anunciava que a aurora do mundo de verdade
Havia acabado de chegar.
Hoje, tenho raiva dos bem-te-vis
E dó de minha mãe -
Que saía manhazinha buscar pão.
Mais uma vez não sabia:
A saudade, que sentia mesmo sem de quê
Naqueles poucos minutos, cresceu,
Os bem-te-vis se foram...
A aurora veio de vez:
Profunda solidão!