Pelo Menos Uma Vez

Quero pelo menos uma vez

Sentir o sossego perturbador

De não sentir uma raiva conformada.

É de um prazer desgostoso

Viver essa violenta paz

Que me sufoca de mentiras sinceras.

Nada abaixo nem acima

Nada rima com esse paradoxo

Longe de ser ortodoxo

Mas muito perto da completa bagunça.

Que pelo menos uma vez

Não sejamos justos com os injustos

Que pelo menos uma vez

Não sentemos a mesa com aqueles

Que deixam comida no prato

E reclamam de barriga cheia

Que o café estava demais açucarado

Quando na verdade é a amargura

Que dá o sabor indigesto a quem os suporta.

Quero pelo menos uma vez

Não respirar o ar impregnado de falsas promessas

Não desconfiar daqueles que me protegem

Não ignorar o que está ao meu redor.

E como não sou hipócrita

Sei que na maioria das vezes

Sou tão errante quanto qualquer um

Mas que num lampejo abro de fato os olhos pra tudo que está diante de mim.

03/03/08

Miguel Rodrigues
Enviado por Miguel Rodrigues em 03/03/2008
Código do texto: T886105
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