Ode a Hipoglicemia
Ode a Hipoglicemia
Elas me acordam, cruéis e malignas,
Com o sabor de um sofrimento eterno,
Chegam quais fossem rachar-me o externo
Como se fora “Angina Pectore”
Imploro-lhes que se vão, que não demorem
Usando até de palavras blasfêmicas,
As exorcizo, as dores hipoglicêmicas
Que me acordam cruéis e malignas.
Ergo-me presto e busco ar em ânsia,
Trêmulo tento tatear, mas tredo
Se mostra o passo e me assalta o medo.
De trôpego tropeçar; mas penso,
Em tudo quanto amo, e logo venço
Os temores, o medo, a ânsia, as dores;
E alcançando os interruptores
De claridade inundo o ambiente.
Depressa busco socorro no açúcar,
Pego um torrão que se desfaz depressa,
E assim consigo sair de mais essa,
Terrificamente crise que me assola...
Mais uma coisa sempre me consola.
É o saber o quanto sou ditoso
Eu poderia bem ser um leproso,
Um canceroso, mongólico ou aidético.
Escrofuloso, cardíaco, epiléptico,
Tuberculoso, paranóico, hepárgico
Parulidário, gotoso, enceliálgico,
Acromaniaco, apraxioso, catatônico
Hemorroidário, herniado, daltônico
Furunculoso, elaiúrico, heptorrégico
Gastrítico, gastrocolítico, encefalocélico
Ou ser hermafrodita e acropático.
Podia DEUS simplesmente hebetar-me
Ou dar-me um problema encefalítico,
Então me fazer superparalítico
Brindando-me com uma tetraplegia.
Neuroma, litíase, hidropsia,
Tornando-me um cataléptico hidrópico
Com variadas doenças do trópico
Filariosis e sezão malígna.
Podia dar-me carcinoma prostático
Otites doloridas e otorréias,
Um cancro mole, sifiles, gonorréias,
Querendo me tornava um perebento,
Cheio de miiases como um cão sarneto
E me daria gastrenterocolite,
Cinco cruzes de negra hepatite,
Crises constantes de hemoptisis.
Mas sua divinal misericórdia,
Sempre tratou-me desveladamente,
Desde que nasci até este presente
Protegeu-me de todo malifício.
Eu agradeço todo beneficio,
Que dele tenho diuturnamente
E agradeço aqui principalmente
Por ter-me dado um simples diabetes.