NATAL DEBAIXO DA PONTE
– Aqui não chove. – Mas o vento é frio.
– Temos jornais e caixas de cartão...
Pai, mãe e filho deitam-se no chão
cobrindo-se num único arrepio.
Nisto surgiu um vulto enorme, esguio,
despiu-se e, todo nu, calças, blusão,
toda a roupa entregou aos três. E, então,
abriu os braços e atirou-se ao rio.
O pai bradou: – Um suicida louco!
Mas a mulher: – Tanto agasalho! E, pouco
a pouco, convenceu-se: – Este é Jesus!
– Será Ele? – e a criança pôs-se em pé:
– Talvez seja Jesus! Só que não é
o que eu vi pendurado lá na cruz...
(Dezembro 2001)
– Aqui não chove. – Mas o vento é frio.
– Temos jornais e caixas de cartão...
Pai, mãe e filho deitam-se no chão
cobrindo-se num único arrepio.
Nisto surgiu um vulto enorme, esguio,
despiu-se e, todo nu, calças, blusão,
toda a roupa entregou aos três. E, então,
abriu os braços e atirou-se ao rio.
O pai bradou: – Um suicida louco!
Mas a mulher: – Tanto agasalho! E, pouco
a pouco, convenceu-se: – Este é Jesus!
– Será Ele? – e a criança pôs-se em pé:
– Talvez seja Jesus! Só que não é
o que eu vi pendurado lá na cruz...
(Dezembro 2001)