[Momento na Estação]

[Anotações para um poema]

O trem rumo ao poente...

Angustiavas-te numa espera sem nome,

alguém assim, e assim... a busca

de alguém, mas ainda sem rosto.

Quando o trem para o oeste chegou,

a tua felicidade teve um instante de vibração,

mas, para teu espanto e decepção,

a felicidade teve apenas a duração da parada.

Mas quando o trem passou, passou mesmo:

inexorável, o trem não permite eternizações,

o trem só sabe e só ensina partidas!

De nada adianta dizer que sim, que não,

de nada adianta mirar os trilhos ao sol,

sentir no rosto o vento que ondula

as ervas-cidreiras ao longo da linha,

e traz a monótona calmaria de todo adeus.

[E eu serei para sempre criança

no trem que me leva para oeste]

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[Penas do Desterro, 02 de março de 2008]