Lied - para uma city programada

Algo todo escuro, algo que se liga

Sem voz, sempre visão, apenas presença

Algumas sílabas permitidas para tocar na rádio

Caminho que nada mostra, apenas luz

Ao tomar o café, senti olhos que me viam

Nada e ninguém que fosse passar ao largo

Um sintético sentido a espreita, olhar ainda vazio

A cidade é enorme, pronta para esconder meus temores

Pronta para receber um evocação, outra linha no ar

Humm! é como se um par de seios estivesse em minhas mãos

Na loucura transgênica que segue pelos trilhos

São outras horas para se atrasar onde quer chegar

Bate chuva batida, vai mais um apagão, sem ver de onde

Aquela voz sem timbre falando para torturar

Rola uma música & um tato pelo via que não via

Faltou luz para ver mais de perto

Outro beijo cibernético, gosto de café

Mais um cigarro queimando , um gole de água, brindes à partes

Escuta o murmúrio do regato passando por nossas pernas

Cai mais um ponto de luz, virou o sentido do avesso

Olhos atentos para ver o fim do trabalho

Big Fish criando um nova poesia

Loas&cantatas para varrer o inconsciente não coletivo

Sinto o tremor de suas pernas, pulsa mais forte o coração

Um passeio que nem fez tanto sentido,

Mas olhou, e procura que está observando

Sem crer no nexo, feito o sexo antes de olhar os olhos

Clara é a cor da voz, o prazer sobe em calafrios

Noutra viagem programada, por uma sala que se esvazia

Para querer atender um chamado vindo do fundo do coração

Horas que correm pelo dia a procura de um outra resposta

Algo para se fazer, apenas um suco para dividir a atenção

Meus olhos tremem pela angústia de não conter a voz

A mão que toca o perfume

O peito recebe o peito e dispara

Outra voz encantada sem falar olhando nos olhos

Por qual labirinto que entramos antes de tudo

Quebrando cronologias, sem a ótica, que belos olhos

A mão tenta secar, quando a voz mais seca que fica, e mira o futuro

E como por encanto um brilho sobre a tez

Desnudados antes de serem vistos, alma conhecida

Encantado, para ficar nos olhos, miragem em sonhos, miragem

Céus!, a mão ainda escorrega por entre as coxas, novos gozos

De um corpo que flui feitos tons de um blues sobre a cidade

No progressivo ativa todos os neurônios sobre a página em branco

Humm! o sabor da sua boca...quero sentir

Um gosto de chocolate no aroma do cigarro

Humm! a porta está escancarrada, uma trilha de flores

O remanso toca gélido o corpo em chamas

Formas e compassos dão para a lied uma cidade

E o programa aceita os meus desejos mais íntimos

Outro beijo, mais um e outro, nossos corpos transmutam

Vejo os olhos do amanhã e me arrepio

Sinto o pequeno caminhar, e temo se não estiver lá

O regato nos tira o sal da praia, o tablado nos espera

A água de coco me lava a sede de mais um beijo

Dedos que tocam sem palavras todo o seu sexo

Para jorrar em novos gozos em plena água fria

Ah! esse calor que exala por sua boca

Nem a cidade sente que passou um novo sinal

Tanta chuva lavou mais uma passagem de som

E Big Fish cantou a sua solidão

Tenderness - em algum Capítulo lá atrás

Na boêmia que maldiz de seu coração que se reparte

Na parte que me toca e toca para falar de amor

Se ela ainda vai reagir com tanta atração

Alguns passos atravessando a rua, processa novas promessas

Rictos estranhos para um noite de máximas impressões

Me imprensa no tabuleiro das palavras

Aquilo que solto pela voz cibernética

Programando a cidade para uma próxima lied

Não, não procuramos nenhum sentido,

Apenas exaltamos toda a sensibilidade permitida

A voz embarga pelo beijo que queria e não pedi

Em meio as nuvens da tarde

Para a noite chorar de tesão sobre tantos desejos

Uma viagem para o mês que se aproxima

Fustiga a ânsia de olhar esses olhos maravilhosos

E sentir sobre o peito esse coração que também ressoa

O ser é uma figura muito retórica

E o amor tira o chão de minha teimosia gráfica

Enquanto falo, os olhos me observam

O gosto tem que ser de agrado...

É, viver realmente é fantástico...

Aquilo que parecia fantasia, torna-se uma volúpia. E da volúpia nem sempre conseguimos escapar. Humm! que delícia.

Peixão89

(4/2/2002 07:18:14)

Peixão
Enviado por Peixão em 30/03/2005
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