HOMEM DO MAR!

Homem do mar dessa terra

Lutas com ele na bravura

Matas a fome que enterra

Tuas gentes na amargura!

Partes pra destino incerto

Levas saudades contigo

Levas o medo e o perigo

Que junto a ti, mora perto!

Na faina do dia-a-dia

Tentas bom peixe pescar

Quem te vê partir pró mar

Logo reza a Ave-Maria!

Vais em busca de alimento

Partes com alguma emoção

Mas é preciso o sustento

Prós que cá ficam então!

Passas por ondas medonhas

Por tempestades de vento

Mas com todo o firmamento

Tu lutas, pelo que sonhas!

Queres tua esposa agradar

Vê-la com uma rosa ao peito

Vestida bem a preceito

E nunca vê-la chorar!

Teus filhos são teu orgulho

Fazem de ti, pai babado

Por isso dás um mergulho

Nesse mar apavorado!

Quando atracas no cais

Trazes sempre um desejo

De dares na face um beijo

À mulher que amas mais!

És teu próprio timoneiro

Mesmo havendo outra gente

Podes ir p`lo mundo inteiro

Que o mar não é diferente!

Bravo, verde, azul ou manso

Tenha ou não temporal!

Tu nunca estás em descanso

Pensas voltar afinal!

Se o céu se escurecer

Se as nuvens ficam cinzentas

Nem sabes se tu aguentas

Ou se irás aí morrer!

Atracas em tua cidade

Abraças ente-queridos

Quem em seus rostos a ansiedade

Já os trazia enlouquecidos!

Pescador que a rede enleia

Nesse mar que sabe a sal

Volta a casa para a ceia

Vai fugindo ao vendaval.

Mereces um monumento

Para tua glória e prazer

Pra lembrar o sofrimento

Que te faz sobreviver!

O Poeta Alentejano

O Poeta Alentejano
Enviado por O Poeta Alentejano em 28/02/2008
Código do texto: T879920
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