HOMEM DO MAR!
Homem do mar dessa terra
Lutas com ele na bravura
Matas a fome que enterra
Tuas gentes na amargura!
Partes pra destino incerto
Levas saudades contigo
Levas o medo e o perigo
Que junto a ti, mora perto!
Na faina do dia-a-dia
Tentas bom peixe pescar
Quem te vê partir pró mar
Logo reza a Ave-Maria!
Vais em busca de alimento
Partes com alguma emoção
Mas é preciso o sustento
Prós que cá ficam então!
Passas por ondas medonhas
Por tempestades de vento
Mas com todo o firmamento
Tu lutas, pelo que sonhas!
Queres tua esposa agradar
Vê-la com uma rosa ao peito
Vestida bem a preceito
E nunca vê-la chorar!
Teus filhos são teu orgulho
Fazem de ti, pai babado
Por isso dás um mergulho
Nesse mar apavorado!
Quando atracas no cais
Trazes sempre um desejo
De dares na face um beijo
À mulher que amas mais!
És teu próprio timoneiro
Mesmo havendo outra gente
Podes ir p`lo mundo inteiro
Que o mar não é diferente!
Bravo, verde, azul ou manso
Tenha ou não temporal!
Tu nunca estás em descanso
Pensas voltar afinal!
Se o céu se escurecer
Se as nuvens ficam cinzentas
Nem sabes se tu aguentas
Ou se irás aí morrer!
Atracas em tua cidade
Abraças ente-queridos
Quem em seus rostos a ansiedade
Já os trazia enlouquecidos!
Pescador que a rede enleia
Nesse mar que sabe a sal
Volta a casa para a ceia
Vai fugindo ao vendaval.
Mereces um monumento
Para tua glória e prazer
Pra lembrar o sofrimento
Que te faz sobreviver!
O Poeta Alentejano