ESCREVO O QUE VEJO
Não, meus caros, não escrevo só o que vivo
Esse nunca foi meu objetivo
Escrevo antes de mais nada, o que vejo
Nas ruas da cidade, nas trilhas dos matos
Meu escrever é inato, apenas adapto
O que vai pelas curvas do coração
Busco em tudo uma rima perfeita
No sorriso da menina, parada ali na esquina
Na formiga levando sua folha, toda satisfeita
Busco poesia na chuva, no temporal
No frio das manhãs, no sol, no sal
Quero o verso do reverso da medalha
O poético pão nosso de cada dia e a migalha
Sim, meus amigos, escrevo o que sinto
O que me faz perder-me neste labirinto
Onde uno o minotauro e o Ícaro sonhador
Quero voar com minhas palavras no vento
Fazê-las escravas, desse estranho amor
Extrair pérolas raras do mar do pensamento
Quero ser poeta, maluco, apaixonado
Ser sincero, mentiroso, descuidado
Quero apenas entender o sentimento humano
Às vezes obtendo êxito, outras... ledo engano
Perdoem-me, almas-irmãs, se tanto me atrevo
Se finjo, como Fernando Pessoa, ser um fingidor
Sei que meus textos não possuem alto relevo
Talvez, sejam uma mescla de dor e amor...
Tudo que sei é que mudo em palavras o que vejo
Decapto pensamentos, me inspiro e escrevo