Medo de chuva

No bolso

Tem medos escondidos.

Bem lá no fundo eles se mexem.

Toda manhã,

Na hora do café,

Mostram sua cara invisível

Pra estupidez nublada do dia.

O medo,

Molhado de chuva,

Assusta o peito ofegante;

Respinga na fresta na porta;

Isola-me em lençóis úmidos,

E me esconde

Debaixo da mesa.

A chuva tem a sutileza

Do pavor iminente;

Nos pingos,

Ardentes em flor,

Nos raios,

Em gemidos de dor.

Garoa cinza,

Que me torna frio,

Lava a tinta

Do meu rosto toda noite;

E no sono

Da madrugada muda,

Pinta cores novas

No cenário do vazio.

Valter Pereira
Enviado por Valter Pereira em 28/02/2008
Código do texto: T879750
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