Esfumaçado

Respiro o peso desse ar fatigado;

E inalo toda sorte de odores.

Os odores fétidos, esfumaçados,

Varridos sem dó pro tapete;

Pra cima ou pra baixo,

Tanto faz...

Aqui as janelas são fechadas.

Não me escondo da neblina,

Artificialmente edificada.

São paredes maciças,

Dobradas pro alto;

E o asfalto tão cinza

É passarela pro desfile de buzinas.

Berram sem parar no ar,

Pairam sem parar no ar;

O peso do ar pesa nas costas.

Toda fumaça sobe levando

O que restou da vida.

Valter Pereira
Enviado por Valter Pereira em 28/02/2008
Código do texto: T879746
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