CONFORMAÇÃO
Um azul
Entre a lâmina e o champanhe
E quando amanhece
Sinto um cheiro de café
E vem de ti
Reverberações, vetigem, verdura cortada
Um dia
Foi minha antípoda
Nua serpente
Dando vivas à precária transgressão
E expelida do meu poema
É azul a face porque a água
Não vem do mundo industrial
Guardo aqui no coração o rosto
De alguém conformado com o que é
Enquanto o tempo passa
O sonho já foi alcançado:
Sou o homem que passeia
A língua pelo teu corpo
E diz que teu beijo é uma delícia
Sou o fim da tua busca interminável
Agora a vida é construção/criação
E tu repetes o gesto
Que amalgama e desmancha
O tempo que não pára de passar.