CONFORMAÇÃO

Um azul

Entre a lâmina e o champanhe

E quando amanhece

Sinto um cheiro de café

E vem de ti

Reverberações, vetigem, verdura cortada

Um dia

Foi minha antípoda

Nua serpente

Dando vivas à precária transgressão

E expelida do meu poema

É azul a face porque a água

Não vem do mundo industrial

Guardo aqui no coração o rosto

De alguém conformado com o que é

Enquanto o tempo passa

O sonho já foi alcançado:

Sou o homem que passeia

A língua pelo teu corpo

E diz que teu beijo é uma delícia

Sou o fim da tua busca interminável

Agora a vida é construção/criação

E tu repetes o gesto

Que amalgama e desmancha

O tempo que não pára de passar.

JOAQUIM RICARDO
Enviado por JOAQUIM RICARDO em 28/02/2008
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