Voto de minerva
Voto de minerva
Sandra Ravanini
Vomita os sonhos irritadiços na mesma medíocre exatidão,
e tão ressequido de sentimento quão fora a vida enganosa,
assovia a desatenção insistente, bragal desta face ardilosa,
fingindo um não sei, na opaca febre dos olhos em derrisão.
O que dizer àquelas mãos que embalaram o velho menino?
Amores diferenciados de Minerva, o voto errado é o certo;
o aposto recolhe o sereno das lágrimas fazendo um deserto
no leito onde transpira o sal do veneno em insano desatino.
O ódio tomba um cego se na queda alguém sangra até o fim.
Querer enxergar a rotina da fumaça que começa e já termina
na transparência infiel de uma verdade que agora descortina,
mostrando a herança vadia e a cólera embriagada em motim.
Ebriedade e dó? A hora da pena chegou rompida em toda ira
restando somente o mais nada no montante rígido de pedras,
e uma gota manchando o chão onde o voto do amor se nega
a beber deste cálice, e ver Minerva mãe na vinha da mentira.
27/06/2007
13H44