NO CAIS

Foge a jangada com seu navegador.

Foge um pedaço de mim,

murmurado, inexplicável.

Foge-me em despedida,

o lento acenar mar a dentro.

Fico no cais, debruçado sobre a maresia.

Amarras ao sol posto.

Mergulho solitário no canto triste,

ao som do vento de todos os ocasos.

Soltar amarras do meu porto

e ancorar docemente,

alhures,

tal um cão fugido.

Como é demorado, meu Deus,

descobrir o caminho.

MONCKS, Joaquim. O POÇO DAS ALMAS. Pelotas: Editora da Universidade Federal, 2000, p.63.

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