O tempo do ponto de vista do bobo
Minha casa tem várias janelas.
Mas é pelas frestas que observo.
Porque o crestado da vegetação toma vida
e porque as crianças famintas adquirem novo viço.
As portas, essas, se existem,
perderam a sua função.
Daqui ninguém sai. E ninguém entra.
E não é por ser impossível.
É por ser desinteressante.
A casa foi feita para proteger.
Mas com o passar do tempo, só serve para esconder.
E já faz tanto tempo isso tudo, que minha barba
quase toca o chão,
e meus óculos viraram apenas adereço de rosto.