O tempo do ponto de vista do bobo

Minha casa tem várias janelas.

Mas é pelas frestas que observo.

Porque o crestado da vegetação toma vida

e porque as crianças famintas adquirem novo viço.

As portas, essas, se existem,

perderam a sua função.

Daqui ninguém sai. E ninguém entra.

E não é por ser impossível.

É por ser desinteressante.

A casa foi feita para proteger.

Mas com o passar do tempo, só serve para esconder.

E já faz tanto tempo isso tudo, que minha barba

quase toca o chão,

e meus óculos viraram apenas adereço de rosto.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 26/02/2008
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