Soturno
Soturno
Sandra Ravanini
O dia estúpido renega-me o esplendor,
jazo em angústia de luz, vejo o meu fim
rindo ao contrário, lívida de pavor
lendo a esperança estaquear o que há em mim.
Corre! O medo é um lodo que devora
a vida, é o canto do afinado susto
assombrando o reflexo que em mim chora
escondendo no espelho o falho busto.
Florir o pesadelo que acorda seco
no eco do agora e sempre envilecido,
ouvir os gritos daquele outro beco
pedindo pra insônia cantar pro ouvido.
Inda cantará o medo amanhã e amanhã!
Entrever então o reflexo que perdeu
o esplendor em meio a angústia rindo do afã
ao despertar a imagem que envelheceu...
25/08/2008
21h08