TEMOR DE HOMEM
Temo
que se sinta puta no meio da rua,
pois os olhares dos homens são trágicos
e os das mulheres, bastante preconceituosos.
A arte da felicidade não faz bem a ninguém.
Eu temo
que seus olhos mansos chorem para dentro
e que rias só para me ver feliz, sem compromisso!
A arte de viver bem é para poucos, quase ninguém.
Temo
as cortinas abertas dos vizinhos curiosos em persianas,
ao comentar, amanhã, a cara do nosso verdadeiro amor.
A arte de acordar bem não é um despertar solitário.
Eu temo
os amigos, as irmãs, os tios, os primos... a família
que sempre trazem um presentinho de boas-vindas.
A arte da convivência independe do amor em conjunto.
Temo
sua consciência, em estado de emergência, no fim da tarde
que sempre lhe trazem maus presságios enquanto quase sozinha.
A arte de viver a dois não marca a cena em separado.
Eu temo
a minha insistência de peso em conviver numa só balança
e o meu ciúme, quase normal, insiste atender seus telefonemas...
Amor de homem é estranho: desconfia mesmo confiando.