Epítome de um dia de inverno
Sentado a cama e próximo da janela
Que é molhada pela fina chuva,
Solidão de tom diferente, as plantas
Do jardim parecem fazer companhia,
Sendo apenas estas e as grades que
Separam a alma da rua em que meros
Transeuntes concretizam a tristeza.
A leve brisa toca meu rosto, é um ar frio,
Comum nesses dias em que o tempo quase
Pára, estagnando os sentimentos e
Fazendo-me esquecer o vazio quase inesquecível.
Ainda garoa e as folhas continuam
Acumulando a água que cai muito vagarosa,
Confundindo-se com as lágrimas que nascem
De meus olhos, gotas que confirmam o sofrimento
E me leva a assinar o livro do acaso
Umedecido pela morte de meu pranto.
Os olhos secaram e a luz se foi.
Fechei a janela e deitei-me na cama.
Talvez adormecido encontro o esquecimento
Necessário para encarcerar os
Fantasmas do momentâneo desalento.
Com os sentidos exaustos e a alma
Conformada, o sono veio e com ele os sonhos.