A Muralha dos Símbolos.
O poeta é arrogante, com a escrita sonha em transmitir os horrores e maravilhas da vida, vez bendita, outras tantas mal dita, única, finita.
Viciado em expressão, é dependente e ama a imaginação, sabe das limitações da língua. Dependente da possível expressão e tenta transpor a inflexível muralha dos símbolos.
Tenta, tenta, tenta! Escreve, se expõe, busca o sublime, rebenta e se arrebenta. Por que resiste? O que quer? A que resiste? Porque quer!
Agora espera a inspiração, e a isso, somente isso, neste instante único resume-se seu existir. Constrói alguns versos, quer se ouvir e eternizar uma centelha do seu universo.
E ao escrever degusta alguns tragos de uma nova inspiração. Ela atenta, exige expressão. E lá vai, tenta, tenta, tenta!
Uma nova criação, mais uma querida filha da arrogância da expressão limitada. E ele faz versos sobre a limitada expressão... Rabisca sonhos com carvão enguanto escala a muralha dos símbulos, é um nobre escravo viciado na impressão de transmitir o além que faz chorar e sorrir, pensar e existir.
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“O esplendor e a maravilha da existência pura pertencem a uma ordem superior ao poder de expressão, mesmo da arte mais sublime”. Adous Huxley.