Falando comigo...
Falando comigo...
Sandra Ravanini
Pra alma que não me pertence, dou a leviandade
de levitar pelo meu bucólico espaço;
cinzenta testemunha nos fios da grade
catando os avelórios deste colar de aço.
Hei de achar os achares que eu não mais revido,
...falando comigo, relendo as linhas da mão,
supondo que deus me dera um peito de vidro
num corpo-frasco trincado. Valei-me expiação!
Fragmentos pequenos, espasmos de um mural,
pó de metáforas do eu confessando o eu ninguém,
...ainda falando comigo, ouço da alma o metal
retorcido em riso testemunhando o desdém.
A vida aqui é cinza e eu vou corrompendo os jardins
bucólicos, e tentando enterrar o desvario
escavo o peito da testemunhadora cega em mim,
achando, quem sabe, aquele início do meu fio...
04/02/2008
19h28