Sempre a despedida
O poeta dormirá
No silêncio da noite
Ele dorme tranquilamente.
Uma estrela escapou
Do infinito, veio tocar o chão.
E tudo isso se processou
Num átimo de segundos.
Só o poeta sentiu.
Ontem, "adeus primavera".
As folhas murcham e caem.
O ancião fecha os olhos
E dorme também tranquilamente.
As maçãs nascem
Nas macieiras de minha terra.
É hora de partir,
Para todos,
O poeta diz adeus.
_ Adeus, amigos.
_ Adeus, moça loira da farmácia.
_ Crianças do parquinho, adeus.
_ Cadeira de madeira, adeus.
Sempre combater.
Sempre lutar pelo que se quer.
Sempre nos esconder. Mostrar um Outro.
Sempre a falta. A ausência.
E sempre perder.
Um homem de chapéu corre.
Pega um carro.
Diz também adeus a alguém.
Uma caneta rabisca o papel.
Duas palavras escritas.
Olhos cheios.
Mãos fechadas.
Adeus, meus filhos.