Antipalavra

Ou isso é poesia ou não é nada,

um nada absoluto que persiste

em tentar explicar tudo.

Mas um nada que não é ausência,

e sim, preenchimento ao contrário.

Assim como o mito, um nada

que é tudo, a poesia é um nada

superior ao vazio:

Antipalavra que anula a palavra comum,

resultando a realidade.

Essa é a função do poeta

equilibrar com antipalavras

um mundo construído por palavras

para que a ilusão em que todos vivem

adquira existência.

22/02/08