Duvidas
Duvidas
Não me pareceu normal
Aquelas gotas de água
Que rolaram pela face
Mas talvez fossem devidas
Às dúvidas da minha mágoa
Às angústias de uma vida
Que não esquece da verdade
Tento ser um homem bom
Não sei se sou um bom pai
Bom filho, Não sei se fui
Já nem tenho quem mo diga
Nunca me senti dilecto
Talvez um dia o meu neto
Consiga dizer de mim
És o avô predilecto
Quantas duvidas disperso
No espaço simples dum verso
Tão fácil de discorrer
Difícil é não saber
Se as lágrimas que alimento
São apenas sentimento
Ou sofrer só por sofrer
Tento ser um homem bom
Mas tenho sido um bom homem?
Sempre que falam comigo
E saltam do seu abrigo
As gotas daquela água
Que brotam dentro de mim
Nunca sei se é assim
Nunca sei se sou perfeito
Não sei se tenho direito
De perguntar ao meu ego
Se estará certo ou errado
Tudo o que a cada momento
Por razão ou sentimento
Eu questiono a mim próprio
Terei direito a sossego?
Talvez as gotas de sal
Que se espalham no meu rosto
Possam dar algum sinal
É alegria ou desgosto,
Estará tudo bem ou mal?
Não me dão qualquer resposta
Morrem sem me responder
Sempre prontas a nascer
Outra vez dentro de mim
E volto sempre ao início
Sem saber se principio
O inicio do meu fim
Tento ser um homem bom
Não sei se tenho direito
Nem sei se tenho esse dom
Viverei sempre o dilema
De saber se este poema
Vem directo do meu peito
Não sei se sou bom marido
Bom amigo, avô querido
Mas tento amar quem me ama
Se ficar alguma fama
Nestes versos que vos deixo
Acreditem, não me queixo
Se os troféus forem de lama
Rolam lágrimas na cama
Deste poeta sem leito
Ressoa
11/12/2005