DÁDIVA
DÁDIVA
Nesta feira de vaidades
Em que perdemos a vida
Esquecemos tantas verdades
Da vida que anda perdida
Quantos morrerão de fome
No tempo que escrevo o verso?
Quantos a fome consome
No nosso triste Universo?
E nós de barriga cheia
A tentarmos dar lições
A quem não tem, nem ideia
Do que sejam refeições
Queria falar de Natal
Queria falar de Jesus
Mas não me levem a mal
Não me preguem nessa cruz
Há tanta coisa a fazer
No reino que Deus nos deu
Há tanta coisa a esquecer
Tanta coisa se perdeu
O sorriso de criança
A revolta sem sentido
Há que dar vida à esperança
Neste mundo dividido
Um abraço ao inimigo
Um forte aperto de mão
Não há crime sem castigo
Nem castigo sem perdão
A minha pena afinal
É não ter nenhum talento
Para fazer do Natal
Um novo Renascimento
Sou um simples animal
Que veio ao mundo sem querer
E que deseja afinal
Que ninguém possa sofrer
Eu queria ser bom rapaz
Desejar-vos bom Natal
Mas sei que não sou capaz
Nunca me levem a mal
Pai nosso que estás no Céu
Olha por nós por favor
Enche de luz este breu
Enche este mundo de amor