A HARMONIA DA DESARMONIA
Nossos momentos são sempre bons.
Mesmo que surja algo em desacordo,
a gente sabe encarar e temperar.
Nunca uma discussão, nunca uma briga,
sempre um clima de amor e união.
Mas, de repente, se intromete a vida,
macula o sonho, lembrando que é real,
com seus momentos amargos, difíceis, cruéis.
E a gente tem que ser gente e encarar também.
É como num poema: nem sempre a rima aflora,
nem sempre a melodia natural escorre,
muitas vezes a harmonia desejada
está justamente na desarmonia.
Mas o poeta teima e dedilha o poema.
E ontem foi assim: uma notícia triste
e o desabrochar de verdades caladas
por confusão e medo.
Foi tão difícil falar e ouvir!
Mas o necessário se impôs
e mergulhamos corajosamente
nas dores da vida e do amor.
Nossos momentos carregaram o peso
da responsabilidade ante a verdade
da nossa condição humana finita.
Foi tão gratificante te ouvir, bravinho,
reivindicando o direito de chorar por mim!
Ouvi, sorri chorando, concordei.
O amor que me tens explodiu mais uma vez
enquanto o meu amor por ti crescia.
Nosso encontro virou um poema
que não precisa de rima ou melodia
para ser harmonia!