Sonetos a Ela
Sonetos a Ela
Longínqua...
Uma Chama Estremecia...
Ladeando
Improvável Amor.
Lastimas...
Ulterior Cancelar,
Esperando...Lamentando
Improvável Amor.
Lúgubre Ultimato
Consumou-se.
Esquivei-me Ludibriando
Improvável Amor.
Longínqua...
Uma Chama Expirou,
Lapidando
Improvável Amor...
I
O tempo vorazmente
Devora minha vida
E a cada dia subtraído,
Uma juventude a perecer.
Brindava os anos
Amaldiçoando as horas.
O Eterno se fazia áspero,
Felicidade em permuta feroz.
Feridas do meu cárcere
Obstinavam-se em sangrar
Por cada fio de padecer.
Rasguei as páginas da parede
Aguardando um alimentar-se
Com frases vazias...
II
Imploro com os olhos
Voltados para o chão
Aguardando que a luz
Rompa dos céus.
Tua gélida ardencia
Dominará meu corpo,
Ao passo que a alma por fim,
Solitária sublime-se?
Nas fronteiras Tuas,
Perdido estarei a implorar
Fogo ou água seguindo o vértice.
Permaneço vagando
A esperar o julgamento,
Enquanto Teu riso
Apaga um outro.
III
Conheceu a dor
Porque conheceu o sofrer.
Conheceu o arrepender-se
Porque conheceu o perder.
Conheceu as trevas
Porque conheceu a penumbra.
Conheceu a noite
Porque conheceu o crepúsculo.
Conheceu o desespero
Porque praticou a indiferença
Unida ao egoísmo.
Conheceu a morte
Porque conheceu a incapacidade
Mesclada ao livre arbítrio.
IV
Sinto Teus olhos
Vendo Teu cheiro,
Ao mesmo tempo
Que ódio tenho de mim.
Repugno minha condição
De não ser perfeito
E sofrer a privação
De não ter o mundo.
A cada toque Teu
Que vislumbro,
Lanço-me ao padecer.
Sonho agora acordado
Com o supremo dia
Que lhe darei minh’alma.
V
Um poço de sentimentos
Turvos e amargos
Imprime minha dor
Encarcerando a felicidade.
Meu corpo e alma
Sangram por pensar em Ti,
Condenando o que não
Mais existe para meus olhos.
Feridas negras comprimem
Minhas mãos anunciando
O ungir extremo...
Ardente recepção oculta
Fere a esperança...
Castigada por fragmentar-se.
VI
Sinto-me parte da terra...
Ao tocá-la e envolve-la
Em meus dedos
Abstenho-me da vida.
No profundo abismo
Em que me encontro,
A supressão do ar
Paraliza meus sentidos.
Quanto mais ao fundo
Projeto-me, menos visão
Possuo...assim, subtraio-me...
Na base do nada adentrei,
Imagens vazias e pálidas
Enegrecem meu vermelho...
VII
Há tempos procuro
Um mistério para desvendar,
E hoje acredito
Que a busca findou.
A densa e negra
Escuridão de teus cabelos
Emolduram o enebriante
Enigma do Teu olhar.
Ao afastar-me de Ti
Sinto o peito romper
E a alma dilacerar...
Fecho os olhos...
Sobreponho as mãos...
Assim, ilusiono Tua presença.
VIII
Amar-te-ia para
Todo o sempre,
Mas a eternidade
Minha é curta.
Assim, busco
Venerar-te dia a dia,
Hora a hora
Alcançando paz.
Minutos contados
Levam-me devagar
À felicidade plena.
Dias sem ter-te
Proporcionam um ser
Áspero e sofrível.
IX
Sou fio de cabelo ao vento
Ante Tua presença,
Buscando um domínio
Que acredito alcançar.
Sou fruto morto ao chão,
Castigado pelos pés Teus,
Abandonado e esquecido
Ao longo das tempestades.
Sou pai inexistente...
Sou filho não nascido...
Sou mãe a esperar...
Sou chama apagada...
Sou lago drenado...
Sou existência que vaga.
X
Um rubro enegrecido alvo
Lançava a minha frente
Duas linhas pálidas de sofrer,
Uma tênue, a outra atroz.
Com o gritante silêncio
A alma respondia,
Tão muda quanto as paredes,
A todo o sofrimento...
Um azul céu turvo,
Com brancas nuvens
Dissipava-se como amores.
A duplicidade da angústia
Apresenta o erro
De chorar frente ao espelho.
XI
Ela desliza e entorpece
Como a torrencial chuva
Que inunda e impregna
A terra com sua força.
A incógnita dos olhos
Faz-me sofrer alucinando;
Tetos e nuvens à frente
Com portas aos pés sangrados.
Indultos puros e constantes
Ferem Teus ouvidos
Enterrando-me num rastejar.
O caos de cada alma
Arrebata recém-nascida chama
E empalidece o desejo.
XII
Por quanto tempo
Suporta uma alma
Até que o peito
Se entregue ao vazio?
Escurecendo os sóis,
Ignorando as luas,
Condiciono a mente para
Aceitar o conformismo.
A cada lágrima escarlate
Que queima minha face
Construo a represa do claustro.
Nela me sepulto
E encarcero a perpétua
Cruzada à felicidade.
XIII - I
Ver-se refletido
Numa lápide qualquer,
Sem os olhos fechar,
É desprender a razão.
O ato de extrair a alma
Sem perder a respiração,
Sufoca o existir
Para somente estagnar-se.
À última nuance
Da chama da vida
Suspira enegrecido queimar...
Afastados os anjos
Do palácio da existência,
Quedaram-se os muros do sentir...
XIII - II
...Maculei em tempos idos
Meus claustros sentimentos,
Donde o enegrecer atroz
Ungia simples padeceres.
A estrada dos tormentos
Não abandona seu caráter,
Opressora no início e
Findada com espasmos.
Um obliterar redundante
Sucumbi minhas forças
Construindo sombras vazias.
Indiferente conservo-me
Ao mundo, para que deste,
Lembranças não germinem.