A fome mais nobre...

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

Felicidades vazias,

Futilidades vadias...

E o sol saindo, de olho na cidade

Que se veste de pedra, madeira, cimento e cal...

E se reveste da umidade das madrugadas

Sobre a humildade das paredes carcomidas

E sobre a unidade dos convidados à vida!

Prédios pequenos disputam a claridade com edifícios monumentais.

Num ponto, as cidades são iguais:

Todas festejam a vida

E enterram a morte.

Chova ou faça sol,

Carros escoam pelas ruas, nos dois sentidos.

Levam e trazem necessidades, lazeres, prazeres,

Direitos, deveres,

Fugas, encontros,

Traições, fidelidades,

Prisões, libertações,

Facilidades, dificuldades,

Saudades...

Em pontos estratégicos,

Filhos de Deus disputam a caridade dos passantes,

Numa mendicância que sensibiliza alguns,

Nem sei se a metade da metade de muitos...

Orientadas ou desorientadas pelo vento,

As palmeiras e as árvores comuns se distraem em movimentos ondulantes,

Ora calmos, ora assanhados!...

Discos voadores, se é que existem,

Não conseguem ou não se interessam em abduzir uma agulha, sequer, no meio da cidade!

Vai-se embora a fome, toda vez que se come.

Mas, daí a pouco, volta!

A fome é para a gente se lembrar de viver!

Porque assim o ser humano trabalha, para comprar o que comer.

Trabalha, planta, colhe, compra, vende...

Quantas atividades ligadas à fome!...

A fome é uma exigência de se abastecer a vida!

E são tantas formas de fome!...

A fome de amor, por exemplo,

É a fome mais nobre!

Quem não tem amor no coração é o mais pobre!

O maior perigo na vida

É ficar pobre da riqueza que é o amor!...

Porque, aí, a vida murcha...

Ou vai embora...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 22/02/2008
Código do texto: T870092