BRASILINO
Brasilino produz
e quase não repousa
e carrega pesos
e força, à exaustão, o ser em frangalhos.
Brasilino irrita-se
e sua
e sente tédio
e se exaure
o relógio é ponto central de sua vida
e pensa mesmo em não mais voltar para casa
Brasilino anda desanimado
e dorme mal
e se levanta sem humor
e sequer nota os filhos crescendo
e vai se arrastando estressado
a cada final de semana, tudo também é igual:
e o barzinho é seu refúgio
e joga conversa fora
e sonha com a mulher que nunca passará
e marca pelada próximo à estação de trem
e força os músculos
e irrita-se e sua e se exaure
e briga com todo mundo
e volta para casa enganado
na segunda, retoma-se a esfola:
Brasilino, pobre Brasilino, está morrendo.
e sem o menor sabor sorri
e não reage,
e se entrega alienado
e aceita a vidinha rolando infeliz.