Baile à Fantasia
Tomei um doce e fui no baile
Num baile a fantasia
Tudo estava muito animado
Era dia de alegria
Eu sonhando acordado
Era tudo que eu queria
Levemente embriagado
Até achar minha companhia
Estava ela de cigarra
E eu vestido de formiga
Puxou-me em suas garras
Mas dizia-se amiga
E também abandonada
Mas curando-se da ferida
E eu formiga apaixonada
Não notei que era mentira
E por longo tempo dançamos
Até o sol alvorecer
Sorrimos e choramos
E o amor fingiu nascer
Dei meus braços e coração
Promessas e sinceridade
Estendeu-me uma ilusão
Salpicada de inverdades
E tão logo a cigarra começou a gritar
Era hora de abandonar a ecdise
Restando à formiga, apenas observar
O novo ser que nascia, pra lá de triste
E sem se importar com o que ficou enroscado
Em sua muda, máscara-fantasia
Fez da indiferença, seu único agrado
E da sua ausência, minha eterna agonia.
Nem mesmo esperou a música final
Foi logo em busca de um novo par
Deixou pra formiga o seu grande mal
O escárnio dividido com quem passou a amar
Voou em seu sonho de liberdade
Sem nem mesmo pensar em se despedir
Só pensava em partir para outra cidade
Onde pudesse, em nova capa, outro alguém iludir